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A BYD enfrenta um cenário de gigantescas incertezas acerca de seu futuro. Um dos maiores investidores da BYD está reduzindo significativamente sua exposição, colocando um ponto de interrogação na continuação do desempenho registrado pela marca até agora. Warren Buffett, megainvestidor dono do fundo Berkshire Hathaway, que desde 2008 vinha comprando ações da BYD para sua carteira de investimentos, recentemente começou a vender e reduziu a menos da metade sua participação na empresa, hoje de menos de 5%. Analistas do setor apontam que este movimento seja um sinal claro de que as coisas podem piorar bastante para a BYD na batalha dos Estados Unidos contra a China pela supremacia no domínio de tecnologias – um embate que tende a se aprofundar no governo atual de Donald Trump.
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Michael Dunne, consultor especializado no mercado global de veículos elétricos, aponta que a BYD é vista por muitos ideólogos do governo estadunidense como a ponta-de-lança do Partido Comunista Chinês em seu projeto de domínio global da tecnologia de carros elétricos e baterias. Portanto, a companhia chinesa deverá enfrentar barreiras e ataques consideráveis ao seu desempenho. O governo de Joe Biden já havia imposto uma tarifa de importação de 100% sobre carros elétricos chineses. Pior ainda foi a aprovação o banimento total do uso de softwares e equipamentos de conexão chineses em solo dos Estados Unidos, o que praticamente inviabiliza a entrada de qualquer veículo chinês no País com estes dispositivos embarcados.
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Ainda existem grandes incertezas quanto à qualidade dos produtos da BYD, ainda pouco submetidos à ação do tempo, devido à juventude da fabricante e de seus carros. Mas já há alguns sinais negativos: o tradicional Estudo de Qualidade Inicial da consultoria J.D. Power, realizado na China em 2024, coloca nas últimas posições do ranking o elétrico Seal, que registrou 223 problemas a cada cem veículos vendidos, e o híbrido Song Plus, que apresentou 248 problemas por cem. Os dois modelos são vendidos no Brasil.
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A associação dos fabricantes no Brasil, a Anfavea, acusa a BYD e demais marcas chinesas de dumping, prática de concorrência desleal, e pede providências ao Governo Federal. O episódio dos 163 operários chineses que trabalhavam em condições precárias para a construtora Jinjiang, também manchou a imagem da BYD. Outro problema presente é o custo da estratégia comercial agressiva do tipo arrasa-quarteirão da BYD, que, segundo apurou o consultor Michael Dunne, vem deixando descontentes os concessionários em países como Tailândia, Indonésia e, inclusive, no Brasil. Segundo consta a fabricante está nomeando várias concessionárias em áreas próximas entre si, o que faz cair os lucros por loja. “A lua-de-mel foi curta e já acabou, não há dinheiro.”: foi o que o consultor Michael Dunne ouviu de um concessionário de São Paulo, resumindo a insatisfação com a falta de lucro nas vendas de carros da BYD. A marca terminou o ano de 2024 com aproximadamente 40 mil unidades de veículos encalhadas, importadas no primeiro semestre do ano passado e até hoje não vendidas.
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Também existem problemas de endividamento maior do que parece, de acordo com uma recente reportagem da Bloomberg. A BYD estaria colocando no balanço como capital de giro parte de sua dívida atrasada com fornecedores. Em resumo, a BYD acumula uma série de dificuldades daqui para a frente – especialmente as questões geopolíticas já antecipadas pelos movimentos de Warren Buffett.