Em 2016, o Volkswagen Jetta ganhou nacionalidade brasileira e motorização turbo em todas as versões, enquanto o Toyota Corolla permanece intacto desde seu lançamento, há exatos dois anos. Será que o sedã da Volkswagen tem fôlego para superar o Toyota?
Ambos contam com ar-condicionado, trio elétrico, piloto automático, faróis de neblina, airbags frontais e laterais e central multimídia com tela sensível ao toque.
O Corolla possui câmera de ré, mas não sensores de estacionamento, enquanto o Jetta tem sensores dianteiros e traseiros. O Volkswagen tem acendimento automático dos faróis, não disponível no japonês. E o mais importante: o VW traz controle eletrônico de estabilidade, item ausente no Corolla — uma falta gravíssima, principalmente pelo fato de pertencer a um segmento familiar e custar R$ 90.000.
O painel do Corolla com a porção frontal quase reta tem aparência pesada e uma duvidosa mistura de texturas, sem falar no criticado relógio digital que parece saído de um carro dos anos 1980. No geral, a cabine do Corolla aparenta ser de um modelo mais antigo e barato do que realmente é – especialmente em relação ao Volkswagen.
O Jetta traz linhas com apelo esportivo. A reestilização de 2015 deu a ele novos para-choques, lanternas retocadas e rodas de 16 polegadas com acabamento diamantado (de 17 polegadas como opcional). Por dentro, o jogo muda. Mais moderno em relação ao Corolla, o painel confere maior sensação de amplitude à cabine. Materiais de toque agradável, encaixes perfeitos e acabamento fosco mostram cuidado por parte da VW, assim como a adoção do volante multifuncional herdado do Golf.
Com seus 4,66 metros de comprimento o Jetta garante mais comodidade aos ocupantes. Além do maior espaço para as pernas na traseira (96,8 cm contra 96), ele ainda é capaz de levar 510 litros de bagagem no porta-malas — o Corolla leva 40 litros a menos, algo como uma mala média. Mais um ponto para o Jetta por suas saídas de ar-condicionado dedicadas para quem vai atrás, não disponíveis no Corolla.
No quesito motorização está o grande trunfo do Jetta. Agora nacional, o Volks adotou a mesma motorização do Golf: o 1.4 TSI de injeção direta, 150 cv de potência e 25,5 mkgf de torque – mas que bebe apenas gasolina. Em conjunto com a transmissão automática Tiptronic de seis velocidades, ele vai de 0 a 100 km/h em 10,3 segundos, enquanto o consumo ficou em 11,5 na cidade e 14,7 km/l na estrada com gasolina.
O Corolla perde no consumo: média de 10,9/14,6 km/l. Nas ultrapassagens, a redução de marcha faz o motor girar alto, comprometendo o conforto a bordo. As retomadas de seu câmbio costumam anestesiar a pilotagem: não há aquela sensação de fôlego imediato, parece um carro com câmbio manual com embreagem patinando.
Já o alemão se beneficia da motorização turbo. O bom torque de 25,5 kgfm é entregue a apenas 1500 rpm e dá ao Jetta boa dose de agilidade. Ao volante, o VW se mostra mais vivo que o Corolla, com respostas mais imediatas aos movimentos aplicados no volante. O acerto um pouco mais firme da suspensão reforça essa impressão de carro mais conectado com o motorista. Não há, porém, perda de conforto. O sistema multilink na traseira — mais sofisticado que o eixo de torção do Corolla — combina com o acerto mais quente do Jetta. Em uma curva de raio aberto, o Jetta se mostra muito mais equilibrado que o Corolla. E, de novo, fica evidente a falta do controle de estabilidade no Toyota.
A garantia é de três anos para os dois, enquanto a Volkswagen tem 636 concessionárias no país e a Toyota, 141. Veredicto: o Corolla mostra que a preferência por ele é baseada na tradição e confiança, pois o Jetta ganha o comparativo pelo melhor conjunto mecânico e interior de maior qualidade, mostrando que tem potencial para brigar por mais vendas.