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“Il massimo della perfezione e dell’eleganza”: este era o lema da marca italiana Isotta Fraschini, que se notabilizou pelo modelo Tipo 8 e por suas variações, como o modelo apresentado nesta matéria, o Tipo 8A, trazido
ao Brasil como presente a uma cantora de ópera, Gabriella Besanzoni. Já na década de 1920, este elegante automóvel era um italiano globalizado: trazia instrumentos franceses, relógio à corda suíço e até itens da Bosch (empresa de origem alemã). Além disso, foi exportado para diversos mercados em todo o mundo, inclusive para o Brasil

O Tipo 8 começou a ser produzido em 1922, e seu preço nos Estados Unidos equivalia à compra de uma pequena frota de carros de luxo locais, como Cadillac, Packard ou Marmon. Entre os clientes mais famosos deste modelo no Brasil, constam nomes como os do comendador José Martinelli (fundador do Lloyd Brasileiro de Navegação), os condes Rodolfo Crespi e Francesco Matarazzo, o comerciante Gabriel Gonçalves, o aviador João Ribeiro de Barros (que, com o hidroavião Savoia-Marchetti “Jahu”, de motores Isotta Fraschini fez a travessia Genôva-Santos entre 1926 e 1927), os irmãos Renaud e Henrique Lage (donos do Grupo Lage) e a esposa deste último, a cantora de ópera Gabriella Besanzoni. O Isotta Fraschini também fez sucesso nos EUA, sendo o preferido de figuras como o magnata da imprensa William Randolph Hearst, o peso pesado Jack Dempsey, a atriz Clara Bow e astros do quilate de Douglas Fairbanks e Rodolfo Valentino. Modelos da marca também foram utilizados por reis, rainhas e príncipes de países como Itália, Romênia, Japão, Egito, Iraque e Etiópia, além de servir a figuras históricas como o papa Pio XI, Benito Mussolini e Josef Stalin.

As exportações absorviam 65% da produção da Isotta Fraschini, o que levou seus dirigentes a aperfeiçoar o produto, lançando em 1924 o modelo Tipo 8A. O novo veículo tinha o mesmo motor, mas com cilindrada elevada a 7.372 cm³, e a potência aumentava para 120 cavalos, o que permitia atingir 144 km/h de velocidade máxima, contra 130 km/h do modelo do ano anterior. Outras inovações foram a adoção de pneus mais largos e sistema de freios com tambores de maior diâmetro. A Isotta Fraschini produzia o chassi e a mecânica deste carro, ficando a carroceria por conta do comprador, que a encomendava em empresas como Sala, Castagna, Ghia, Farina, Fleetwood e outras.

Em 1931, lutando com escassos recursos, a empresa lançou o Tipo 8B, com novo chassi. O bloco do motor passou a ser feito com ferro niquelado. os pistões com alumínio especial e o virabrequim foi reforçado. Para aumentar o conforto adotaram-se rodas menores com pneus maiores, além de molas mais longas. O câmbio de três marchas continuava a ser equipamento-padrão. mas a fábrica tomou disponível uma caixa pré-seletiva Wilson, de quatro marchas, que permitia a mudança de uma velocidade para outra utilizando apenas a alavanca, não havendo, portanto, a necessidade do pedal de embreagem.

No ano seguinte, a Isotta Fraschini encontrava-se em péssima situação financeira e decidiu por encerrar a produção de automóveis, man-tendo apenas as linhas de montagem de motores e caminhões a diesel (utilizados pelas tropas de Mussolini na Segunda Guerra Mundial, durante a invasão da Etiópia). Foram produzidos 400 carros Tipo 8, 950 Tipo 8A e 30 Tipo 8B. Após o conflito, em 1945, a fábrica tentou lançar um novo modelo, projetado pela equipe de Aurelio Lampredi, Alessandro Baj e Luigi Rapi. Esse carro, o Tipo 8C Monterosa (com motor V8 traseiro), teve alguns protótipos construídos (carrocerias Zagato, Touring Superleggera e Boneschi), mas o veículo nunca foi produzido em série.

Sem apoio do Plano Marshall (programa de ajuda financeira dos EUA às nações afetadas pela Segunda Guerra), a empresa acabou liquidada judicialmente em 24 de setembro de 1949. O grupo Finmeccanica Costruzione Revisione Motori assumiu a marca, passando a utilizá-la em motores diesel e acoplamentos hidráulicos, sendo esta a única lembrança viva da marca que. até a década de 1930, foi o sonho de consumo da elite em todo o mundo.

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