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O mundo todo está se fazendo a mesma pergunta: afinal, o que aconteceu com os carros elétricos? Pouco tempo atrás, estes automóveis eram considerados a alternativa mais viável de mobilidade para os próximos anos. Foram anunciados diversos investimentos, novas fábricas de veículos recarregáveis na tomada e até incentivos governamentais para estes automóveis em diversas partes do mundo. Porém, o que está se observando é que a adesão dos consumidores aos veículos elétricos está ocorrendo em um ritmo muito mais lento do que o esperado. Sem compradores, vários exemplares de carros elétricos estão se acumulando nas concessionárias, e as próprias montadoras estão revendo os seus planos para os próximos anos. Audi e General Motors estão entre as marcas que estão replanejando com maior cautela o lançamento de carros 100% elétricos, buscando entender melhor as reais necessidades dos consumidores, e até mesmo a Tesla, uma das marcas que mais vende elétricos no planeta, anunciou que as operações de sua fábrica no México vão atrasar.

Entre os vários fatores que estão fazendo os carros elétricos venderem menos que o esperado, analistas da indústria concordam que a infraestrutura de recarga ainda precisa melhorar (até mesmo em países da América do Norte e da Europa), e que faltam opções de veículos 100% elétricos que tenham preços mais acessíveis. Além disso, carros elétricos causam mais intensamente a sensação descrita como “range anxiety” (ansiedade pela autonomia), que é o medo constante de não conseguir chegar ao próximo eletroposto e ficar parado sem carga no meio do caminho. Em pesquisa realizada pelo instituto Ipsos em 2023, 73% dos entrevistados disseram que estavam preocupados com a autonomia dos veículos elétricos. Porém, esta repentina desaceleração nas vendas de carros elétricos é um sintoma de um problema muito mais grave.

Edward Niedermeyer, autor do livro “Ludicrous: The Unvarnished Story of Tesla Motors”, descreve que existe o mito de que o carro movido a bateria é um substituto perfeito carro com motor a combustão. Isso não acontece na prática, e esse é o grande problema. Para atender ao público norte-americano, que tem preferência por automóveis maiores, os veículos elétricos de porte equivalente precisam de baterias maiores e mais matérias-primas para serem fabricadas, o que exige o reforço das operações de mineração para armazenar energia. Embora as baterias maiores permitam que os motoristas percorram distâncias maiores entre as cargas, elas também tornam os carros mais pesados, mais perigosos em caso de atropelamento, mais caros e piores para o planeta. Além disso, os veículos elétricos não podem ser encarados como a “única solução” de mobilidade para o mundo. Para as pessoas que fazem viagens longas com frequência, os carros híbridos também podem ser uma alternativa viável. E melhores opções de transportes públicos poderão fazer uma enorme diferença para as pessoas e para o planeta Terra.

A “ansiedade pela autonomia” é outra razão pela qual os veículos elétricos não são substitutos efetivos dos carros a combustão. Niedermeyer comenta que, embora um carro elétrico possa atender às necessidades de condução da maioria das pessoas, as viagens rodoviárias ainda são um problema para os motoristas, devido à necessidade de recarregar. Além disso, recente análise do site CarGurus descobriu que os preços dos veículos elétricos ainda são 28% mais elevados do que os preços dos veículos a combustão, em média. Até mesmo na Noruega, um dos países que mais incentivou os carros elétricos no mundo inteiro, hoje apenas cerca de 20% dos veículos que efetivamente circulam em seu território são recarregáveis na tomada, e suas metas de reduções de emissões até 2030 podem não ser cumpridas. Tudo isto significa que há um limite natural para o número de pessoas dispostas e capazes de mudar para o caminho dos automóveis movidos a eletricidade. Mesmo que a adesão aos elétricos aumente, levará muito tempo para retirar de circulação os atuais veículos com motor de combustão interna.

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